As pessoas tem uma pressa absurda de dar nome às
coisas. Tem tanta urgência em nomear que esquecem de sentar um pouco e levar em
consideração o que realmente sentem. Elas dizem o que dizem os filmes, os
roteiros e as novelas, por um medo terrível de nunca escutar o que nunca vão
saber se é sentido mesmo, ou se é dito, e só. O nome é quase mais importante do
que a vontade de estar ao lado de alguém: ‘afinal o que nós temos?’
A pergunta é: afinal, o que importa o nome do que nós
temos agora?
Se estar ao seu lado me faz bem pela simples forma
como você pronuncia o meu nome, o meu apelido, o nome que você fez pra mim, ou
a forma como mexe no meu cabelo e como me faz sorrir e sentir perto através de
um telefonema, não interessa o que os outros pensam do que existe entre nós.
Se você trabalha o dia todo, sai com os amigos, chega
em casa cansado e ainda assim tem vontade de ligar pra saber como eu estou,
você faz com que eu me sinta realmente importante, então tanto faz o que ainda
não foi dito.
Se a sua companhia é boa, combinamos em muitos
aspectos, você usa as palavras certas e diz que pensa em mim várias vezes por
dia, tanto faz o que não cabe em palavras.
A gente não precisa dizer ‘eu te amo’. Pela primeira
vez minha mente está tranquila, meu coração calmo e meu corpo leve, porque não
carrego dúvidas e não garanto certezas. Estou seguindo, tranquila, um caminho que
quero seguir. Não interessa que nome que daremos a tudo o que estamos sentindo.
Não interessa o nome que os outros destinem ao que temos vivido ou que pensem o
quanto somos fracos, por não termos dado nome aos nossos beijos e abraços. Que
nome se dá ao que se gosta? Ao que se quer bem? Ao que se quer cuidar e se quer
perto? Qual o nome da saudade? Do sorriso fácil que você é capaz de me
despertar? Qual o nome desse frio na barriga quando você liga e da pergunta
impensada que me faz apertar os olhos enquanto nos falamos pelo telefone, com
medo da resposta? Que nome se dá a certeza de uma mensagem bonita, que vai me
fazer bem e me deixar sorridente depois de um dia estressante? Que nome se dá a
nossa vontade de estar junto? Ao jeito como você mexe nos meus cabelos e
observa as minhas mãos? Que tão importante é o nome que se dá quando a gente já
tem todo o resto, e não quer definir apenas um nome, e ficar engessado para
sentir.
Por Manoela Soares
Adoro te ler...
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