27 de junho de 2012

Indo embora


Você não espera que eu ainda esteja aqui quando voltar né? Não acha que eu vou mesmo tomar um banho, enfiar o pijama e me sentar nessa sala fria a espera do seu retorno. Esqueça, você não me conhece mais. Talvez você nunca tenha se permitido me conhecer.
Eu sou o tipo de mulher que pode sair na rua de cabeça em pé, nariz empinado e sem olhar para o chão. Mesmo assim olho para os rostos de todos que cruzam meu caminho, não me envergonho de olhar para baixo, sorrio para rostos sejam eles conhecidos ou não, simplesmente porque minha conta bancária e minha reputação vão muito bem, obrigada.
Eu não conto sobre a maioria das festas que compareço. Ninguém sabe dos lugares que frequento e do que tenho feito no tempo que me sobra depois do trabalho. Não me acho bonita todos os dias, nem magra todos os dias, mas me acho alguém competente e capaz, me considero fiel e leal, e isso já faz com que eu não precise externar tudo o que sinto, porque consigo lidar bem com a solidão de ser só comigo mesma.
Eu não tenho medo de tentar algo novo, nem de errar na frente de outras pessoas, nem de precisar que me repitam mil vezes uma coisa que eu não entendi como deve ser feita. Mas eu tenho sim receio de que as pessoas não me entendam bem, não compreendam meu trabalho e não me permitam explicar, simplesmente por não me questionarem nunca, e tirarem conclusões precipitadas baseadas em pré-conceitos.
Então eu não tenho porque te esperar, aqui, sentada, enquanto você acha que precisa viver de forma urgente uma vida que você sequer escolheu. Eu estou indo embora. Embora de mim mesma e da pessoa que fui quando te conheci. Embora do que tive que fazer para estar ao seu lado. Estou indo embora para me livrar de você e de quem você me fez ser. Queria conseguir deixar atrás da porta esses sentimentos que ainda me fazem escrever sobre você, mas não consigo. Levando seu péssimo legado ou não, eu estou indo embora hoje mesmo. De mim e de você.

12 de junho de 2012

Pra sentir o resto da vida ...

Porque amor por amor e só não basta. É preciso bem mais. Tem que ter tesão, frio na barriga e saudade. De preferência todos os dias. Amar tem que ser como andar de montanha russa. Podemos estar no alto ou no baixo; o importante é estarmos entregues: com as mãos para o alto, o corpo solto e o coração a mil.




Por Manoela Soares

11 de junho de 2012

Ele não está (nem um pouco) afim de você


Os sinais estavam ali: ele sequer preocupava-se em esconder o quão ordinário era. Não se arrumava para ir lhe ver, não media as palavras, falava de outras mulheres e ia vivendo, ao seu lado, sendo o típico sem vergonha que nasceu pra ser. Todo mundo avisou que ele não prestava, todo mundo deu a deixa e o que você fez? Eu imagino.
Aquele homem não nasceu para amar uma mulher. Nenhuma mesmo, contando com as da família e tudo. Ele tinha problema com todos os seres do sexo feminino e aplicava seu descontentamento pela raça relacionando-se com o máximo que conseguisse desta espécie. Era quase que um ritual de masoquismo aquela vida.  Ele odiou conhecer você. Como ele também odiou conhecer todas as outras, mas isso ele soube esconder. Ou será que sua paixão também te cegava além de te deixar anestesiada?
O fato é que depois de desempenhar todos os papéis que só não cabem a pessoa com quem esse crápula gostaria de viver, você percebe que já está quase sendo coadjuvante em uma história em que faz parte do casal principal. Ou aquilo não era um casal? E quando você se pega lendo o roteiro da sua própria vida e querendo riscar várias e várias partes do texto até que ele fique completamente adequado a pessoa que você é, percebe que não tem espaço pra esse homem na sua vida. Então você pensa que ele precisa tanto, que ele está tão mal e que precisa tanto de você, que passa por cima de todas as coisas para investir numa coisa na qual você não acredita, não tem nada a ver com você, todo mundo sabe que não vai dar certo; enquanto o coitado bebe cerveja e vê o jogo com os amigos e você perde o sono tentando salvá-lo de si mesmo.
Aí ele aparece, dá uma ajeitadinha nesse coração que já andava quase frio, esquenta sua mão e enche os seus olhos, para que nada mais apareça na sua frente de mais interessante do que aquele homem completamente desinteressante. Lindo, mas desinteressante. Ta vocês entenderam: lindo, querido, maravilhoso e gostoso, tanto quanto sem moral, cretino, mentiroso e vazio. Tudo isso junto na mesma proporção. Se quiser ainda multiplique os defeitos por todas as vezes que ele ficou de ligar. Ai ai ai ... quanto número!
Ele se afasta e volta, com movimentos tão involuntários que chega a ser ridículo fazer parte da palhaçada em que ele te colocou. Você percebe que tem outras mulheres na jogada. Ainda assim, você se acha especial. (Nesse momento abro um parênteses para fazer as mulheres refletirem que não podem se considerar especiais por alguém que poderia trocar a mãe na esquina por uma bunda malhada. Fecha parênteses). E, sendo a única e a tão especial, você segue empurrando com a barriga essa merda na qual você vai acabar pisando (ou sendo pisada) logo ali.
Um dia ele decide ter um papo cabeça. Te chama pra te encher de elogios. Você é o máximo, ele diz! Então você estava certa, você é mesmo especial. Saia daí e ligue correndo para dizer as suas amigas que elas estavam todas erradas. Mas ... problema é ele. Oi? Como assim, não entendi. Você é maravilhosa. Ok, entendido. Você é linda e cheirosa e perfeita e trabalhadora. Certo. O problema é ele. Ele não está preparado para ter uma mulher como você ao lado dele. E o pior, você acaba de se dar conta de que talvez, ele nunca tenha sido mesmo afim de você. Por todas aquelas coisas que depois de muito tempo você constatou, citadas no primeiro parágrafo deste texto.
Você tentou ajudar. Salvar aquela maldita alma do mármore do inferno. Você acreditou nas mentiras mais deslavadas do mundo e quase foi infiel a tudo o que acredita na vida. Você quis ser legal com aquele cara e se entregou a uma relação que ele nunca teve com você. Além disso você é .. como é mesmo que ele disse? Maravilhosa, cheirosa, perfeita e trabalhadora. E FOI ELE QUEM TE DISSE QUE NÃO QUERIA MAIS? Em que parte dessa história você parou de se olhar no espelho para enxergar as soluções de um problema sem fim. Sim porque ele não tem todos aqueles problemas que ele disse que tinha. Ele É o próprio problema vestindo calças. E era você quem tinha um problema estando ao lado dele. E a melhor coisa que ele fez por você foi nunca se apaixonar, e nunca permitir-se despertar paixão. Olhe pra trás: ele não estava nem um pouco afim de você.
Agora permita-se gostar de alguém que goste de viver em paz. Você deixou todas aquelas sensações para trás junto com a aceleração que sentia no coração apenas ao escutar seu nome. Você já foi mais forte! E agora está voltando a ser quem sempre foi. Não se deixe mais levar por histórias que não são suas. Não se encaixe com pessoas que não pareçam em nada com você. Não vista a camiseta por uma causa na qual você não acredita. Não se permita ser vazia como ele, você ainda está sorrindo e ele já nem está mais olhando pra trás. Fico feliz em ver que você conseguiu dar esse passo e seguir a sua vida de novo.
Não deixe que essa história te faça temer outras histórias nem que esse homem te faça odiar todos os outros com quem conviver. Esse caso foi excepcional tanto quanto a sua mudança de olhar a vida depois que entrou nele.
Bola pra frente garota, você já saiu dessa.

3 de junho de 2012

O que eu quero pra mim


Ontem mesmo me peguei pensando que as coisas estão bem na minha vida, tudo está se encaminhando e ando até bem feliz (e por isso sem inspiração, como disse no post anterior). Mas quando parei, sozinha, tive aquele súbito pensamento “Será que é isso que eu quero pra mim?”. E o ‘isso’ se refere à uma situação bem específica, claro.
Tenho 22 anos, já trabalho, estudo, quase tenho as minhas coisas, não peço mais dinheiro pra minha mãe apesar de ainda pedir licença para fazer as coisas. Pra traçar meu caminho já precisei, inúmeras vezes, fazer coisas que não queria. Algumas acabaram até se tornando essenciais, outras apenas aprendizado. Mas quem foi que disse que eu sei o que eu quero pra mim?
Afinal o que eu quero pra mim?
O que eu sei é que quero um dia bem bonito amanhã e acordar de bom humor pelo resto da vida. Quero muito mais paciência e muito menos correria. Eu quero ter mais tempo, e para isso sei que preciso abrir mão de fazer coisas que tenho feito, e que gosto de fazer, então não sei o quanto realmente desejo me desprender destas para me dar ao luxo de ter mais tempo. Quero ver meus irmãos crescerem a alcançarem seus sonhos, e quero muito estar ao lado deles e fazer parte de todas as suas conquistas e suas dores. Eu quero acordar todos os dias com muita vontade de trabalhar e muita disposição para encarar a vida que não é muito justa. Eu quero aprender a me desprender e a me perdoar, e eu também quero perdoar quem me fez mal.
O que eu quero pra mim são almoços de família todos os domingos. Chimarrão com as amigas toda a semana. Visitar meus amigos que moram longe sempre que possível.
Eu quero chuva pra quem sofre com a seca e muito céu aberto pra quem sofre de amor. Eu quero cortinas em toda a casa e flores que durem um ano inteiro. Quero sorrisos bem sinceros, amigos de verdade e muito, muito amor.
Claro que eu quero alguém pra dividir todas essas coisas comigo, porque sempre achei dividir muito melhor do que somar só. Mas eu não preciso pensar nisso agora, preciso? Ando realizada com a pessoa que escolhi ser, e pago um preço por ter tomado algumas decisões que tomei. Já fiz escolhas erradas e ando acompanhada por suas consequências todos os dias. Estou longe da perfeição e muito mais longe ainda de gostar de gente perfeita. Perfeição me irrita profundamente.
Do resto eu ainda não sei, se quero ou se não quero. Provavelmente a resposta venha regada a champagne ou a lágrimas, eaí? É mais fácil deixar de tentar? Pois bem, se você preferir pare onde está, eu vou jogar o dado de novo e avançar mais algumas casas.
Ir pra frente. Pronto. É isso o que eu quero pra mim.