Começo o texto com uma dose alta de calmante: ele
nunca será feliz com ela como foi com você. Agora a punhalada: ele também nunca
será feliz com outra como foi com ela. Simplesmente porque cada fase e cada
pessoa que passa por nós é diferente e nos deixa marcas diferentes. Sabemos
disso, mas insistimos na comparação. Desistimos de um relacionamento por vários
motivos: porque somos diferentes, porque as prioridades não são as mesmas,
porque não nos enxergamos vivendo a mesma ladainha por muito mais tempo, por
uma traição, por falta de confiança, por falta de companheirismo e por falta de
amor.
Portanto, o
primeiro passo do fim de uma relação é aceitar que a vida de quem um dia
caminhou ao seu lado vai seguir e você ainda verá sorriso naqueles mesmos
lábios que juraram não saber viver sem você. Dói porque planejamos coisas que
podem nunca mais acontecer. Porque tínhamos viagens marcadas e porque alteramos
a data das nossas férias. Dói porque ele acordava com um sorriso de manhã e era
você quem via e porque todos os beijos e abraços e pensamentos eram endereçados
para você. Mas dói principalmente porque somos egoístas. Porque não queremos
dividir algo que já foi nosso, mesmo que não nos sirva mais. Porque sempre
achamos que melhoramos alguém para entregar de bandeja a outra pessoa que não
vai saber cuidar tão bem quanto nós do que tínhamos certeza que nos pertencia.
Porque embora não nos fizesse bem, estava ali, e isso nos bastou por muito
tempo.
“E se ele for mais feliz com ela?” Ele não será. Você
também não será mais feliz com o próximo, porque não existe MAIS feliz. Você
será feliz de novo, ou de um outro jeito, que pode te preencher mais. E será
apenas diferente, mas não será MAIS ou MENOS. Será você e um novo momento.
Aliás, você já parou para pensar no quanto você pode ser feliz sem ele? Que
essa pode ser a oportunidade para um recomeço? Para que você corte o cabelo
como tinha visto naquela revista, troque suas roupas por outras que valorizem
mais o seu corpo e arranquem elogios dos que passam por você? Você já parou
para pensar que o fim de um relacionamento pode ser o momento certo para
recolher pedaços seus que se espalharam pelo caminho, colar, readaptar e voltar
a ser a pessoa que você sempre gostou de ser?
Não dá para encarar o término de um relacionamento,
ou pior, o início do relacionamento de um ex com outra, como o fim. Não é o
fim.
Deixe o tempo passar e se permita ser feliz todos os
dias. Avalie se você não está muito mais preocupada que ele não seja feliz do
que com a sua luta diária por um sorriso. Felicidade é um exercício, então não
se torture com pensamentos sobre o novo relacionamento dele. Faça dos seus
pensamentos aliados, e não inimigos. Pense em todas as suas qualidades, em
todas as coisas boas que você já viveu e dividiu. Pondere, também, tudo o que
não deu certo desse antigo amor e não deixe que se repita no próximo. Permita
esvaziar o peito e respirar fundo, ter a alma leve e atrair novos olhares. Não
procure, deixe que te achem.
E se assim você for mais feliz? Acostume-se! A
felicidade também é companhia!
*Texto publicado na Revista Babado nº2
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