18 de março de 2013

O tamanho da dor


‘A dor é inevitável. O sofrimento é opcional’. A máxima de Drummond sempre me inspirou. Se tem uma coisa que me deixa doente, é gente que insiste em sofrer, que não se conforma apenas em estar triste, em chorar, em sentir dor. Não. É preciso chamar atenção, fazer com que os outros se preocupem, sair todo dia com cara de dor, olheira e roupa feia que é para o mundo ver como aquela, é mesmo, uma pessoa sofrida. O problema, então, é que como não quero ser assim, quase não me permito sofrer.
Quando estou com um ‘problema’ muitas vezes não compartilho com as pessoas. Porque penso que tem gente que não tem o que comer, onde dormir e onde deixar os filhos. Tem gente que tem dívida e que não tem trabalho. Que tem trabalho mas não tem felicidade. Então, qualquer que seja o meu ‘problema’ ele é quase que desconsiderado por mim.
Não estou dizendo que nunca briguei com namorado e tive vontade de sumir. Tive. O que fiz? Deixei doer e chorei enquanto doía. Me tapei até a cabeça, ouvi as músicas mais tristes do mundo e li todas as cartas que ele me mandou. Fiz de tudo para chorar enquanto aquela dor ainda estava fresca. Depois, sequei o rosto e as lágrimas, coloquei uma roupa bonita e minhas mil pulseiras e pus os pés na rua pra tratar de ser feliz. Porque não é fácil, mas ninguém disse que seria.
Também já achei que estava no pior trabalho do mundo e que o fato dos meus pais serem separados era o pior problema da minha vida. Já achei que tivesse me perdido para sempre quando errei uma rua em Porto Alegre e fiz a única coisa que tive vontade de fazer: estacionei em uma esquina e chorei muito. Já me dei conta que estava sem a chave de casa quando estava na ponte do Guaíba e achei que ia dormir na rua até que pudesse ir a Pelotas de novo. Já surtei escrevendo artigo, odiei uma pessoa que quis me derrubar e tive medo de ter que olhar para ela todos os dias.
Depois eu vi que, como eu pensava, era tudo pouco. Era tudo bobagem. Era tudo passageiro. Ou não. O tamanho da dor que sentimos está muito mais ligado ao momento que vivemos e a importância que damos do que ao tamanho dela realmente.
Então, se você sofre do mesmo mal que eu, e acha que as suas dores são insignificantes deixe que elas doam e as aproveite. Mas apenas enquanto doerem. Depois tome um bom banho, se vista, acredite em quem escolheu ser, saia na rua de cabeça em pé, trabalhe bem, plante sementes boas e volte para a casa tendo certeza de que nenhuma dor é pra sempre e nenhum sofrimento merece o seu tempo.



2 comentários:

  1. Que máximo isso fi!!!!!!
    Adorei! Com certeza, tenho conivência com estes sentimentos, afinal, ambas sentimos assim...
    Amu tu!!!

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