21 de maio de 2013

Tempo de introspecção


Precisei recolher minhas partes que andavam perdidas em uma estrada dividida por duas cidades. Precisei aprender a conviver com a saudade e entender a companhia que me esperava todos os dias depois do trabalho. Precisei mergulhar no luxo e na solidão de uma casa onde não havia mais ninguém além de mim mesma. Entendi o que se esconde naquele barulho bom de ouvir, de casa cheia. E por isso, sozinha, liguei a TV todas as vezes que cheguei em casa. Chorei por coisas fáceis de serem solucionadas. Abri gavetas para sangrar feridas que não tinha ideia que continuavam abertas.

Deixei de ligar para muitas pessoas pra que não conseguissem ouvir o som do silêncio que me acompanhava e o desânimo da minha voz. Digitei várias e várias vezes números de vozes que eu queria ouvir, e depois apaguei. E eu entendi porque não trouxe, até agora, nenhuma fotografia para a minha vida nova.
Esqueci de datas importantes.
Precisei desse tempo para ser feliz comigo e não morrer de tédio na minha companhia.
Precisei mergulhar em mim pra me conhecer mais e saber de que lado poderia recuperar um pouquinho da força que me diziam que morava aqui. Precisei me entender para superar o medo e a falta. Precisei desse tempo de introspecção só pra mim e precisei não falar sobre ele com ninguém. Precisei transcender os acontecimentos, conhecer mais as pessoas e, acima de tudo, precisei me perdoar de novo.
Espero estar pronta. E se escrever é mesmo se traduzir, fiquei quieta pois estava apenas morando em mim para me entender, e agora, espero estar de novo pronta para falar sobre todos os outros mundos que me cercam.



3 comentários:

  1. PQP Fi!!! Que lindo, mas triste. Pensar que tudo isso passou, passa e ainda vai passar pela tua vida. Estes sentimentos que amadurecem mas que não podem nos endurecer para a vida.
    Nunca estamos prontos, minha filha. E isso é que é o mais legal! Senão seria só tédio.
    Tens o privilégio da escrita. E, assim, poderás te transcrever e te traduzir sempre. Te amo!!!

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  2. Manu, Manu, nem preciso dizer que chorei ao ler teu delicado escrito. Sinto saudade da minha amiga, tão jovem tão madura. bjo,querida.

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  3. Manu! Tu não me conheces. Conheço tua mãe. Gostei muito dos teus escritos! Tocaste o meu coração com tuas simples palavras. Vou acompanhar e recomendar teu blog. Parabéns! Jane Dias da Costa Cunha

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