18 de outubro de 2012

As mais variadas demonstrações de amor


Desde que me mudei tenho notado, mais do que nunca, as mais variadas formas que as pessoas têm de demonstrar o seu amor.
Eu não quis fazer despedida. Não quis reunir os amigos e vê-los sair pela porta deixando minha casa vazia e minha cabeça cheia de caraminholas. Preferi simplesmente ir embora como se nada tivesse acontecido. Mesmo assim me senti acolhida em abraços verdadeiros de saudade de quem ainda me tinha por perto. Recebi ligações de pessoas que não costumavam ligar sempre, palavras doces daqueles que vemos todos os dias e para quem esquecemos de dizer também todos os dias o quanto nos são importantes.
A primeira demonstração foi da minha vó, com quem tenho uma relação de afeto muito forte, mas que quase não é permeada por palavras. Ela me confidenciou que no início ficou triste com a minha ida, mas sabia que seria para o meu bem e que já tinha até se acostumado com a idéia. Mas a melhor parte foi quando ela me disse que não tinha assistido nenhum debate dos candidatos à prefeitura. Nenhum. Exceto o dos candidatos de Canoas (cidade para a qual me mudei). “Estás bem de prefeito, Manô, ele é jornalista” me disse ela. Existe demonstração de amor que signifique mais?
Minha amiga chegou na minha casa com um embrulho grande de presente e disse: “Para a tua nova casa”. Era um balde, com prendedores de roupa de bichinho e ela acrescentou. “Comprei porque tem uma tartaruga aqui no meio, lembrei de ti”. Nenhum armário, fogão ou cama (coisas das quais preciso de verdade) substituem esse carinho. Não tem demonstração de amor maior do que prendedores de bichinho para pendurar as roupas de um jeito bonitinho na minha casa nova!
Meu pai trocou a geladeira dele pra me dar a antiga. Minha tia decidiu trocar de sofá para me dar o dela. Minha mãe tirou a mesa da churrasqueira para eu levar. Um amigo dela largou o que tinha para fazer para nos ajudar na mudança. O próprio síndico do prédio chegou a me emprestar um telefone, para que eu não ficasse sem no meu apartamento. O zelador se ofereceu para ficar com a chave para que, quando a minha cama que foi encomendada chegasse, eu não precisasse sair do trabalho para recebê-la. Meus colegas já me passaram telefones de academias, cabeleireiros, sugeriram lojas e se colocaram a disposição ‘para qualquer coisa’.
Minhas amigas foram tomar mate lá em casa e mesmo sabendo que era a última vez que tomaríamos mate antes da mudança, respeitaram meu medo e me abraçaram fundo na hora de irem embora, mas não me deram tchau.
Minhas irmãs ficaram felizes porque eu ia morar em uma cidade com shopping e cinema.
Meu namorado separou furadeira, fita métrica, prego, martelo, T, fita isolante, cabo pra não sei o que e tudo mais o que se pode imaginar para salvar quem mora sozinho. 
Meu primo disse que vai ficar com meu quarto.
Meu irmão disse que estava muito ocupado vendo um filme um dia que eu liguei para saber como estava. Simples assim. Simples assim como ele é, como eu sou, como as coisas devem ser sempre, sem complicação.
Todo mundo fingiu que estava tudo bem. E ficou. Talvez por isso tenha ficado! Porque foi com essas pessoas que eu também aprendi a amar e a demonstrar o meu amor, principalmente.
Porque um eu te amo vazio não significa nada. Mas prendedores decorados, esses sim, ficam para sempre!



Um comentário:

  1. Meu Deus do céu!!!!!
    Que lindo isso fi!
    Foi bem assim e sempre será assim!
    Tu tá em tudo, em todas as coisas, o tempo todo!

    ResponderExcluir