26 de dezembro de 2011

Querido Papai Noel

Já escrevi tantas e tantas cartas endereçadas apenas a esse nome, que hoje, depois de anos, volto apenas para agradecer. Tenho dito, principalmente para minhas irmãs e as crianças com as quais trabalho que o Senhor existe. Vejo um brilho no olhar das que esperam apenas confirmação e um ar de dúvida naquelas que tinham convicção da sua inexistência. Termino argumentando apenas que eu acredito. E se acredito, por que não me permitir escrever novamente para você?
Já pedi tantas coisas que nem me lembro. Mas sei que em nenhum Natal, o senhor deixou de aparecer. Não a presença física, mas o seu sentimento.
Andei meio pra baixo, mas não triste, apenas mais (bem mais) quieta do que costumo ser. Precisei de tempo para refletir minha vida em alguns aspectos. Tomei algumas decisões, e ainda estou carregando o peso delas. Mas a verdade é que eu adoro o Natal. Como minha família é muito grande, o Natal sempre significou, para mim, união.
É no Natal que a gente diz para algumas pessoas coisas que não diríamos em outros momentos. É o espírito natalino que nos permite chorar com um abraço que a gente ganha todos os dias. É no Natal que os presentes tem mais significado. No Natal ajudar as pessoas tem outro gosto. Ver o presente na mão de uma criança ou apenas seu sorriso com a chegada do Bom Velhinho já valem qualquer transtorno que os finais de ano sempre nos causam.
Neste Natal quero agradecer pelas coisas mais simples que ganhei durante toda a minha vida. A primeira coisa foram os olhos de meus pais, os melhores que eu poderia ter, cada um a seu jeito, e que me cuidam e me amam mais e incondicionalmente a cada dia que passa. Posso ver isso só de saber como eles falam de mim para os outros, e agradeço a cada dia, por eles serem meus pais. Eles me ensinam e aprendem. E erram muito. Mas acertam sempre que é preciso.
Depois, agradeço por um dia ter pedido a eles que me dessem um irmãozinho. A pessoa que eu achei que seria meu espelho é hoje em quem eu desejo me espelhar. O melhor homem que eu já conheci, o meu melhor amigo e, enfim, o irmão que eu sempre quis, eu ganhei quando pedi.
Como eu adoro surpresa, a vida me surpreendeu quando me deu mais duas irmãs, e junto com elas, uma pessoa muito especial que já faz parte da minha vida há muito tempo. Com novas pessoas no caminho, surgem também novos jeitos de amar. E como é bom aprender a amar diferente!
A vida (ou será que foi você, Papai Noel) também me deu avós maravilhosas, tias que me tratam como filha e primos que são meus irmãos.
Junto com a maturidade veio outro grande presente: a escolha.
Foi escolhendo que montei minha nova família, a feita de amigos, de quem quero bem, de companheiros, de pessoas que já cruzaram por aqui e deixaram marcas, outras que ainda nem se foram, mas já deixaram saudade, aquelas que ainda estão aqui, mas insistem em permanecer longe.
Foi através deste presente que pude escolher as pessoas com quem iria me relacionar, o que acharia ou não legal fazer, o curso que faria para me tornar uma profissional e o tipo de profissional eu queria ser. Aliás, que tipo de pessoa eu queria ser. Que tipo de filha, de neta, de irmã, de amiga, de colega, de mulher, de profissional que eu seria.
Hoje, escrevendo, já quase sei quem sou. Mas ainda faço coisas que me surpreendem e escrevo palavras que acho que não saíram de mim, como esta carta ao Senhor, que na verdade, eu nunca vi. A verdade é que no fundo, lá no fundo, e tendo um mínimo de memória para ver quantos presentes mais que maravilhosos a vida me proporcionou, pode acreditar: eu sei que o Senhor existe!



Por Manoela Soares (@manunsoares)

3 comentários:

  1. Amei...Adoro o jeito que escreves, mas confesso que gostaria de ouvir essas palavras...Tens uma habilidade admirável em contar sentimentos...Tu me emociona e me inspira a cada dia...Te adoro! beijocas mil

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  2. Eu também sempre acreditei em Papai Noel!

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