25 de setembro de 2011

O que vi da vida

O que vi da vida é o nome da nova série do Fantástico, onde os artistas falam de carreira, família, desafios, perdas, desejos .. enfim. Não assisti a todos, confesso, mas o nome do quadro me inspirou. Por si só. Primeiro porque eu adoro frases que me soem estranho, que rimem sem letra, que façam pensar sem querer. Depois porque vemos muitas coisas. Todos os dias. Cena que nos chocam, que já se tornaram comuns, que nos arrancam sorrisos, que nos arrancam lágrimas, que nos fazem escrever, que nos fazem parar. Quantas dessas cenas continuam na nossa memória? Quantas realmente nos marcam? Quantas vão ser as coisas que vimos, e por traz desse vimos, que sentimos e por isso levaremos como as coisas que vimos da vida?

Pois bem. No auge dos meus 22 anos de pura experiência me atrevo a falar sobre o que me desperta sorriso ou fúria, medo ou raiva, choro ou riso. O que vi da vida?

Acho que antes de tudo descobri o amor. Pelos olhos que me cuidavam de longe, pelas mãos que me ensinavam a andar, pelos beijos de boa noite. Depois, enquanto a barriga da minha mãe crescia, aprendi que o amor nem sempre pode cuidar. Às vezes ele precisa ser cuidado. E entendi o amor que não via, que não tocava, que sequer conhecia o nome. E com esse amor aprendi a esperar.

Depois, ou durante mesmo, devo já ter entendido a amizade. A importância da cumplicidade de pessoas que se gostam, apóiam e amam por uma questão de escolha. Vi que a vida é como onda, que leva e traz pessoas a todo o momento. Todas te modificam de alguma forma, todas foram amigas em algum momento. Mas poucas ficam anos perguntando como foi o seu dia. Poucas dizem o que realmente devem dizer e na hora certa de dizer. Poucas não fingem gostar do que não gostam pra te agradar, mas tem um ombro a disposição sempre que você precisa de colo. E por isso, aprendi a selecionar. Então lidei com mentiras, rasteiras e traições mas também descobri muito mais amor do que podia imaginar caber entre duas pessoas que não tem o mesmo sangue.

Não sei em que altura vi que a vida me exigiria, então eu mesma comecei a me exigir. Não precisava ser a melhor, muitas vezes preferia mesmo que nem fosse, mas tinha que ser diferente. E quando eu entendi que o diferente também tem seu valor, passei a dar muito mais respeito às pessoas e a sorrir a todos os que me cumprimentavam, fossem eles conhecidos ou não.

Vi que a vida não pode ser sempre levada a sério, e descobri um deboche que me faz sobreviver a situações em que pular do 15º andar parece realmente a melhor opção. E comecei a rir mais de mim mesma, a debochar de mim mesma, a falar sem vergonha na minha frente sobre as minhas esquisitices para quem sabe um dia arrumá-las. E vi que para a grande maioria das situações, rir é realmente, uma boa saída. Para um sim ou um não, uma boca cheia de dentes pode dar conta do recado.

Enfim, falando de tudo e não falando de nada, vi que as dores, por maiores que sejam, sempre passam. Sempre. Nós é que precisamos permitir que algumas dores se vão. Já vi pessoas mais apegadas as suas próprias dores do que à pessoa para qual a dor está destinada. A dor está sempre ligada a alguém. Então coloque esse alguém em um novo cenário, de um simples amigo, companheiro, conhecido ou até desconhecido que seja, mas destine a ele uma nova incumbência e não sofra pelo fim da dor.

Palavras têm memória. Isso é uma das coisas mais importantes que aprendi. Nada e falado apenas naquele momento.

Saudade não poderia mesmo ser traduzido para outra língua, porque mesmo no português ela traz um nó na garganta inexplicável.

Eu vi tantas coisas, eu senti tantas coisas, eu quis tantas outras.

O que eu vi, afinal da vida? Vi o amor, a amizade, a dor, a saudade, a cumplicidade, a ingenuidade, a simpatia, o rancor, o medo, a falta, a presença. E vi tudo isso convivendo em harmonia dentro de um mesmo ser.



Por Manoela Soares (@manunsoares)

2 comentários:

  1. Gorda, é sempre inexplicavel os teus textos. Tu já teve a sensação de ver alguém sentindo alguma coisa? O que sentimos não é perceptível aos olhos, mas parece que te vejo sentindo o que tu escreve nos teus textos, é lindo de se ler, é lindo de sentir. Eu te amo tanto tanto.

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  2. "Saudade não poderia mesmo ser traduzido para outra língua, porque mesmo no português ela traz um nó na garganta inexplicável."

    que coisa mais linda! e não é isso mesmo?

    meu amor, no auge dos teus 22 anos de pura experiência tu deve saber que ainda tem MUITA coisa pra ver da vida, e a única coisa que eu espero é que eu possa 'estar contigo' enquanto tu descobre todas elas!

    eu te amo e te admiro DE MAIS!

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