21 de outubro de 2011

A nova Ela

Não a chame de coisas que você já me chamou. Não diga que ela faz bem as coisas que eu fazia. Não a leve aos lugares que nós fomos. Não prepare para ela a comida que você fazia pra mim. Não espere que ela ria das coisas que você fala: não espere dela um sorriso que você gostaria de ver no meu rosto.
Não dê a ela o meu perfume, o meu disco preferido, não indique o filme que você queria que eu visse. Não passe os dedos pelos cabelos dela, não aperte sua mão como fazia quando queria rir, não construa planos que você sonhou ao meu lado. Não diga a ela o nome que eu queria que nosso filho tivesse. E não dê esse nome a ele.
Não publique ao lado dela os sentimentos que você disse ter por mim, e em hipótese alguma, sinta por ela o mesmo que sentiu por mim. Não a leve a praia, não deite na areia ao lado dela, não procure bicho nas estrelas, não fiquem conversando no carro por horas e horas, até parar de sentir o tempo.
Não espere me ver no reflexo dela. Não queira e não deseje que ela se pareça comigo.
Afinal de contas ela lhe cabe muito melhor do que eu. Ela acompanha suas extravagâncias, aplaude seu ego, torce pelo seu time, come o que você gosta, viaja pra onde você vai, lê o que você acha interessante, assiste o que você decide e joga o seu jogo do início ao fim. Ela luta pra ter você. Ela quer ter a sua vida.
Eu não sou ela. Eu teria e construiria uma vida ao seu lado. Mas eu não abriria mão das minhas coisas e nem viveria a sua vida. Viveria a minha e ela é que caminharia ao lado da sua.



Por Manoela Soares (@manunsoares)

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