19 de outubro de 2011

O que importa e o que não importa

Essas são as duas únicas coisas que existem: o que importa e o que não importa. Se a morte pode nos alcançar a qualquer momento, pra que viver a vida se importando com coisas que não trarão o mínimo de relevância para as nossas vidas?

O que importa é a profissão que a gente escolhe. É a paixão e a vontade de acordar todos os dias para trabalhar no que escolhemos. O que importa é se reinventar, não se deixar levar por números e estatísticas, é tentar ser sempre melhor, não que os outros, melhor que nós mesmos. O que importa é conseguir as coisas por esforço, é nunca ter que desacreditar dos nossos valores para acreditar no nosso trabalho, é nunca, em hipótese alguma, passar por cima de alguém que esteja a nossa frente.

O que não importa é o que os outros desprezam daquilo que a gente faz com amor e responsabilidade. Não importa que a teoria esteja escrita em um milhão de páginas se, na prática, a gente já sabe que não vai dar certo. O que não importa é o que as pessoas pensam (de ruim e injusto) da nossa profissão. Não importa que outros queiram ser melhores. Não importa que a gente reconheça que outras pessoas sejam melhores. Uma coisa é certa: sempre, mesmo, vai existir alguém melhor. E isso não é demérito nenhum. O que não importa, pra ninguém, é você mesmo achar que seu trabalho é bom. Deixe que os outros te reconheçam.

O que importa é preservar os velhos amigos. Os que brincaram de esconde-esconde com a gente. Que nos viram nos momentos mais difíceis, os que acompanharam os momentos mais legais. O que importa é ter uma foto deles em casa, não deixar que a rotina os distancie, que o trabalho sempre atrapalhe os planos, que o cansaço os impeça de aproveitar a vida. O que importa é permitir que essas pessoas te amem independente do que você escolheu ser. E amá-las mesmo que não concorde sempre com o que elas façam. O que importa é respeitar. E ser respeitado.

O que não importa são aquelas caras de nojo que te olham na rua. Aqueles comentários que tem destino certo, as provocações que já não fazem sentido. Não importa que as pessoas não gostem de quem você é, do sobrenome que você tem, na casa onde você mora. Aliás, não importa mesmo nem o sobrenome que você tem, nem a casa em que você mora.

Importa que a sua família saiba que tem você por perto. Importa que os laços que os liguem sejam mais fortes que apenas laços de sangue e que não falte palavra de carinho, amor e orgulho. O que importa é que você sempre reconheça que ninguém chega a lugar algum sozinho. Que seus pais são grandes responsáveis por você ser quem é, e que suas escolhas refletem seus valores.

O que não importa é que se tenha problema, que se sofra de vez em quando, que se passe uma semana inteira com nó na garganta. Não importa que as coisas nem sempre dêem certo, ou que você não ache que ganha o que devia ganhar, ou que você faz muito mais do que precisa fazer. Também não importa que seu carro não seja o modelo do ano, que seu cabelo e seu corpo não sejam exatamente como você gostaria que fossem, que sua memória não ajude como deveria, e que seu humor não se esconda atrás de um sorrisinho amarelo.

O que importa é tirar proveito de tudo o que se vê e se vive. É entender que os dias passam, as noites também, e que nada é tão importante a ponto de fazer você cogitar desistir.

O que não importa é que alguém diga que você não consegue. Ou que você não deveria tentar.

O que importa é apenas tentar, mesmo que nada dê certo. As conseqüências não são algo que estejam ao nosso alcance. E o que importa é trazer para mais perto as coisas que nos são caras.



Por Manoela Soares (@manunsoares)

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