9 de agosto de 2012

A recompensa


Eu trabalho, estudo, faço academia, pós-graduação, visito quem eu amo, viajo quando possível, ganho meu (pouco) mas bom dinheiro, consigo pagar as minhas contas sem atraso (quase todos os meses), costumo manter as pessoas informadas sobre o meu paradeiro, vou no super, na feira, na padaria e na farmácia.
Eu ligo pra dizer oi, mando mensagem para saber como foi aquela prova, lembro às pessoas o quanto me fazem falta, cumprimento quase todos os que me sorriem na rua, mantenho as pessoas informadas do quando gosto delas, saio pra falar sobre a vida, pra ouvir as músicas que gosto, pra dançar e aliviar o estresse.
Eu dou comida pro meu cachorro, lavo a louça, arrumo a minha bagunça em casa e no trabalho, me acho dentro da minha bolsa, me acho nos rabiscos da minha agenda, tento melhorar meus passos, saber mais, aprender mais e ser diferente.
Me proponho a fazer as pessoas sentirem o fascínio que eu sinto pelo trabalho que eu escolhi, repondo a todos os meus e-mails, imprimo e encaminho ao RH todos os currículos que recebo, sugiro amigos para os meus amigos, presenteio em datas comemorativas e tento estar junto sempre que possível.
Ando na linha, quase não bebo além da conta, minha lista negra está desabitada, detesto barraco, me preocupo com os outros, dirijo, reclamo e aconselho.
Mas tudo isso me esgota e tudo isso tem me incomodado muito ultimamente. Ontem, quando comecei a escrever esse texto eu estava bem mais chateada com essa correria de uma vida moderna, auto sustentável e ‘normal’. Hoje estou bem mais consciente. Mas amanhã posso deixar algo importante passar em branco simplesmente porque não tive tempo de olhar a agenda e de novo isso vai fazer toda a diferença e vai me fazer pensar que eu realmente preciso repensar todas as coisas que ando querendo fazer ‘ao mesmo tempo agora’. Ando percorrendo com pressa um caminho que na verdade, não sei onde vai dar. Sinto que eu ainda não estou procurando a linha de chegada, pelo contrário, estou traçando novos caminhos a partir do meu e com isso percorrendo distâncias cada vez mais longas para chegar .. onde mesmo?
O que espero como recompensa de toda essa correria que me deixa sem conseguir ir no inglês, ver as minhas irmãs e tomar um mate na praia com as pernas pra cima, nem é um pote de ouro bem cheio (se bem que não seria nada mal), mas uma cabeça bem aberta para novos conceitos, uma mente bem mais simpática às demonstrações de apreço, um sorriso cada vez mais fácil e um coração bem grande, pra caber sempre mais de todo o resto. 

2 comentários:

  1. MARAVILHOSOOO!!!
    Que leitura boa, não queria que acabasse...
    Parabéns, fi! Nem todos se encontram e se perdem na vida!!! Acho que estás conseguindo fazer isso de forma magistral!!!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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