20 de agosto de 2012

Eu, a medrosa


Sempre tive horror de ser criança. Apesar disso curti muito a minha infância. Mas a verdade é que eu era encantada pelos saltos, maquiagens, postura mas principalmente, coragem dos adultos. A capacidade com que eles decidiam as coisas, como tinham certeza do que faziam, como eram altos e bonitos e como mandavam em suas próprias vidas. Eu queria mandar na minha vida, e cresci achando que seria cheia de coragem pra encarar o mundo.
Ando revendo meus conceitos ultimamente, porque virei uma adulta medrosa. Sim, e me dei conta disso há pouquíssimo tempo. Antes me julgava até bem corajosa não me perguntem porquê. Tenho medo das coisas sobre as quais eu não tenho controle, logo, tenho medo de quase tudo o que se move perto de mim. Tenho medo de não conhecer meu próximo passo, minha próxima porta aberta, meu próximo chão, nem que seja para me atirar de cabeça nele.
Esqueça tudo o que você já ouviu falar sobre mim, sobre a leoa que mora no meu signo, corpo e alma. Ela foi devorada por um rato, acreditem. Hoje ela anda com medo até de escuro. De chorar na frente dos outros, de demonstrar que não está bem, de decidir onde deve comemorar seu aniversário, como deverá cortar seu cabelo, como se vestirá amanhã. Ela anda com medo de acordar e de dormir. Coitada da leoa que tem medo de rato!
Ando receosa com tudo, já saio de casa com pé atrás do dia que começou e acho que volto dois passos para cada passo a frente que dou. Ando com medo de dizer o que sinto, de falar ‘eu te amo’ antes da hora, de ouvir ‘eu te amo’ antes do esperado, de não ter controle sobre o que é dito e o que é pensado e o que é sentido. Ando com medo da hora H, do dia seguinte, e do resto de todos os dias que vou conhecer depois de cada noite mal dormida.
Eu não esperava e não queria, porque achei que realmente crescer seria o fim do medo. Não é. Tenho medo de quando minha mãe sai de carro, meu pai viaja, meu irmão atravessa a rua e minhas irmãs vão na pracinha. Acho que a tendência é piorar, e muito, todos esses meus medos. De escuro, de barulho, de não ir, de não conseguir, de não querer voltar, de não dizer e de não ouvir. De tudo isso tenho medo.
Então é isso. Às vésperas do meu aniversário de adulta, descobri que a maturidade não me tira o medo. É preciso aprender a conviver com sua certeza ou eliminá-lo para viver de forma plena e parar de querer ser cada vez mais velha, como se envelhecer significasse o fim de todos os males.

4 comentários:

  1. manu, com medo ou sem medo TU É FODA!

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  2. Manoela você não é a única que tem esses medos todos! Acho que na medida com que vamos crescendo, ficando independentes, mais complexas as coisas vão ficando, e também mais difíceis. Mas é assim mesmo, o importante não é não ter medo, e sim encarar o medo que temos, enfrentá-lo sempre! Beijos!!

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  3. A verdade é que a medida que envelhecemos percebemos que não temos controle de nossas vidas...é aí que amar anda junto com o medo...de perder pessoas, oportunidades...a real é que temos a responsabilidade de viver cada dia com a maior ou melhor intensidade possível, sem nos deixar levar pela rotina... Adorei, como sempre! beijocas 1000

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