A gente leva muito tempo procurando alguém que valha
realmente a pena. Uma pessoa que possa fazer com que nossos dias não passem sem
um grande feito. Alguém que nos provoque aquela vontade louca de sorrir. Não um
cara para dividir o teto, isso nem sempre é o mais importante. Queremos mesmo é
alguém criativo, engraçado e presente. Um cara colorido, esperto e discreto,
que aparecesse em casa de madrugada, depois do sono, só pra aquecer. Alguém que
não deixasse o avião partir sem dizer o quanto espera nossa volta. Enfim, um
cara simples, quase invisível e capaz de entregar uma parte valorosa dele à
você, sem pedir nada em troca.
Depois de muitas pesquisas, depois de muitos abandonos,
de vários papinhos mais ou menos, de longas esperas por mensagens que nunca
recebemos, de varar madrugadas e de gastar os pés até o último minuto de cada
festa esperando um qualquer ter coragem para dizer “Oi” e de ter vontade de
desistir das relações humanas entre homens e mulheres, você o encontra. É
domingo de sol, o dia está pra lá de colorido, a fotografia e a paisagem
contribuem muito, mas é ele quem toma forma à sua frente, segurando suas
sacolas. Sim, ele está na feira.
Se você parar para pensar, é desse cara que você
precisa também. Esse papo de príncipe encantado não tá com nada. Hoje, o que a
gente quer mesmo, é um cara que vá a feira.
O cara que vai a feira vai atrás de alguma, ou
algumas coisas. Ele tem um objetivo, ou quer, apenas, manter uma dieta
agradável e balanceada durante a semana. Ok, já ganhou alguns pontos comigo.
O homem que vai a feira sabe escolher e pesquisar,
dois princípios básicos para qualquer pessoa que tenha frequentado qualquer
feira pelo menos uma vez na vida. Ele sabe que existem muitas coisas a sua
disposição, muito mais baratas do que em outros lugares, e, misturadas ali,
também estão justamente as que ele precisa, e encontrá-las pode exigir tempo e
talvez até (sendo bem romântica) dedicação.
Pressupõe-se que o cara que vai a feira sabe
cozinhar. Logo, ele é criativo. Chega em casa, mistura o que comprou (não
assim, a moda bicho, ele sabe o que e como misturar) e é capaz de transformar a
meia dúzia de coisas que comprou em um prato que você comeria de joelhos e ao
seu lado. Esse cara tem a medida certa de cada tempero, e a quantidade exata de
cada ingrediente, e sabe, como ninguém apimentar uma comida (e uma relação).
Se você passasse por ele na rua não conseguiria ver
metade das qualidades que ele carrega, e sim, uma delas é ir a feira. Porque
ela vem acompanhada de várias outras qualidades, incluídas naquele ato, sem que
a gente perceba. Só por ir a feira ele é descolado, desprendido e calmo. Só por
ir a feira ele já quebrou velhos padrões e clichês idiotas sobre como a
masculinidade dos homens está tão mais ligada à sua força física do que as suas
atitudes de companheirismo. Só por ir a feira você sabe que ele não é um cara a
toa, ele é um cara pra você ter do lado, porque ele te traz segurança e
felicidade, porque ele escolhe ligar pra você e te ter ao seu lado, mesmo que
isso não possa acontecer todos os dias. Só porque ele vai a feira e porque se
relaciona com outras pessoas, e porque tem muitos amigos, e porque lê e fica
acordado até tarde mas, ainda assim, levanta cedo no domingo para ir a feira,
você sabe que é pra esse cara que você vai poder contar os seus maiores
problemas e suas piores preocupações. E ele, com a tranquilidade de um cara
normal, e a experiência de quem vai a feira, sabe afagar seus cabelos, te dizer
meia dúzia de palavras capazes de mudar o destino dos seus pensamentos e o
roteiro do seu dia chato, e transformar a sua agonia em sorrisos, pelo simples
fato dele mostrar que, quando está com você, todo o resto do tempo parece se
perder.
Pode parecer delírio, mas essas qualidades podem sim
ser reconhecidas em um cara, às 9 horas da manhã de um domingo qualquer, em uma
cidade qualquer, em uma feira qualquer. Por que a pessoa com quem você deseja
dividir a sua vida pode existir, mesmo não correndo todos os dias diante dos
seus olhos, e pode vir a te conhecer, ou te reencontrar, quem sabe?
Agora só não pense que o prato veio pronto e que você
já está mais do que satisfeita por ter encontrado o mais legal de todos os
caras. Depois de tudo, falta ainda a parte mais difícil. Você também deve estar
preparada para ir a feira com esse cara.
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