Eu me afastei daquele sorriso, daqueles olhos,
daquele jeito tão típico de me dizer as coisas e de chorar comigo. Me afastei
das coisas que não concordava mas também daquele abraço verdadeiro. Das brigas
constantes e dos cafunés acolhedores. Eu não faço mais parte daquela vida que
já fiz, daquela loucura que já foi, do não saber, do impensado; mas junto com
isso também deixei de lado uma história que, aos meus olhos e apesar de tudo,
foi preenchida com muito mais sorrisos do que lágrimas.
Eu não estou mais naquelas fotos, daquele quarto,
sobre a mesinha a meia luz. Até o que ainda nos ligava, hoje já nos separa e
tenho a impressão de que deve nos manter ainda e cada vez mais distantes. Eu
não sou pra quem você ligou quando precisou, pelo menos não ultimamente. E eu
me afastei o suficiente para nem saber se ultimamente, você andou precisando de
alguém.
Não cabia mais na minha vida o espaço que eu dedicava
a uma preocupação desmedida e às decepções constantes que nossa relação nos
trouxe. Não tinha mais espaço, no mesmo caminho, para pessoas que andavam em
direções opostas, em ritmos diferentes. Eu não tinha mais cabeça para pensar no
quanto você simplesmente não se preocupava com a minha vida e, por isso, em
algum momento, escolhi esquecer que as pessoas são diferentes, e eu (fingi que)
me afastei da sua vida também. E eu não fiz nada disso pra te provocar nem te
esquecer. Eu queria simplesmente, ficar indiferente a sua existência.
Só que se eu não faço mais parte da sua vida também
quero que você saiba que tentei, mas não consegui fazer parte do mundo dos
indiferentes. Eu sempre vou sentir muito se pararmos de viver o que eu ainda acho
que precisamos viver e se não estivermos mais juntas enquanto eu ainda achar
que o seu número é a melhor opção quando pego o telefone. Não teremos nunca de
volta o que o tempo deixou lá atrás, mas podemos começar com um novo passo,
hoje, agora. Basta que o corpo sinta, a cabeça permita e o coração perdoe.
Lindo e explicito demaaaaaais, tu escreve lindamente.
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