15 de julho de 2011

Pode ser

A Pepsi tem feito comerciais mostrando que o “Pode ser?” pode ser mesmo muito bom. A marca se utilizou desta proposta porque, no Brasil, ela não é preferência entre os consumidores. Mas lá de vez em quando, até pode ser tomar uma Pepsi. O que eu digo é que ela não é a primeira opção de quem consome refrigerante. Eu me dei conta de que, na minha vida, diversas vezes fiz coisas que também não eram o que eu pretendia, mas que deram certo. Algumas delas se tornaram fundamentais.

Por exemplo, eu sempre quis ser atriz. Mas não era sonho de criança não: fiz teatro durante mais de cinco anos, me apresentava em escolas carentes para as crianças e um dia já fui até reconhecida na rua, quando uma menina, acompanhada do pai me perguntou:

- Né que tu é a Narizinho do Sítio do Pica-pau amarelo?

Sim, eu era! E até os 17 anos representei diversos personagens, ouvi críticas e elogios, fiz curso de Artes Cênicas com alunos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em Porto Alegre, enfim .. quase fui atriz. Em 2007 me inscrevi para o vestibular da UFRGS, no Curso de Artes Cênicas. Mas não fui fazer a prova. Fiz, sem pretensão nenhuma, o vestibular da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) para Jornalismo. E escolhi jornalismo pelo simples fato de gostar de escrever. O papel mesmo do jornalista como um todo fui entender só na faculdade. A questão é que, dentre as demais possibilidades, e levando em consideração o fato de eu gostar de escrever e de me comunicar bem apesar de ser um pouco tímida, na hora da minha inscrição minha mãe disse.

- Tem o curso de jornalismo, pode ser?

Esse pode ser mudou o rumo da minha vida!

No primeiro dia de aula no curso de Comunicação Social – Habilitação: Jornalismo, um tal de Roberto Mariachi entrou na minha sala e apresentou a Empresa Junior da Universidade, uma grande oportunidade. No segundo dia, lá estava eu, louca para ser empregada. Convivi pouco tempo com o Roberto, já que ele se formou em seguida; mas não sem antes me ensinar algumas coisas bem importantes, como por exemplo, aproveitar a empresa e todas as oportunidades que ela podia oferecer. E eu aproveitei! Um certo dia, quando eu estava no segundo semestre do meu curso, e o meu colega jornalista estava prestes a se formar, o então presidente da Empresa, Luis Junior, me disse:

- Manu, vais ter que te virar com o jornalzinho. (Sim, é assim mesmo que ele fala, e é de “jornalzinho” que ele chamava o nosso Boletim Informativo – Hora Jr. – feito com tanto esforço). E vais ter que segurar essa sozinha; pode ser?

- Pode! – e eu nem tinha feito a cadeira de Redação

Segurei mesmo, e durante o tempo em que permaneci na empresa o “jornalzinho” estava pelos corredores da Universidade no início de todos os meses – ou quando conseguíamos terminar a diagramação. Um dia tive que, com muita dor no coração, deixar a Empresa Junior UCPel, onde aprendi tudo (ou quase tudo) sobre jornalismo, profissionalismo e competência.

Quando eu entrei para a faculdade jurei pra mim mesma e pra toda a minha família que eles jamais me veriam fazer televisão. Que não era pra mim, que eu não tinha perfil nem desenvoltura para tal instrumento de comunicação. Eu nem imaginava que, três anos depois, eles me veriam não só fazendo matéria de TV, mas também apresentando o Programa Terra Sul, feito pela Embrapa Clima Temperado.

Comecei meu trabalho lá fazendo assessoria de imprensa. Foi uma experiência profissional e pessoal difícil de esquecer.

Mas meus amigos estagiários eram todos da área de TV da Embrapa, e um dia, tive que quebrar um galho.

- Se tu não estiver muito ocupada, vais ter que me acompanhar numa matéria, não tenho ninguém pra fazer a entrevista de hoje, o pessoal está todo no campo – disse o Tuninhu, câmera da Embrapa. Pode ser, Manu?

- Pode!

Depois disso, quando renovei meu estágio, passei da assessoria de imprensa direto para o Terra Sul; e o pior, gostei. O programa ia ao ar uma vez por semana para a alegria das minhas avós.

Algumas coisas consegui planejar na minha vida, e vi se concretizarem. Outras aconteceram não exatamente como eu imaginava, mas exatamente como deveriam acontecer. E se destino existe, o meu é extremamente forte, capaz de me tirar dos sonhos que sonhava, para me levar à realidade que deveria me pertencer. E eu que sou tão cabeça dura, me dou conta de que, de vez em quando, é preciso rever nossos conceitos e se permitir experimentar. De vez em quando pode ser diferente, e pode ser muito melhor do que esperávamos.



Por Manoela Soares (@manunsoares)

3 comentários:

  1. Genial gorda, Genial!
    Não tem colegas legais, mas tem eu como amiga, pode ser? :)

    TE AMO por toda a tua coragem de nunca negar nada mesmo que saibas do tamanho das dificuldades.

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  2. quando leio uma coisa dessas só reforça pra mim a idéia do quanto tu é boa, meu amor! enquanto meros mortais como eu veem uma propaganda como essa da pepsi e se contentam em achar 'engraçada e inteligente', um gênio como tu consegue fazer toda uma reflexão sobre a tua vida em cima dela.. isso é que eu chamo de talento!

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