10 de agosto de 2011

A idade de cada um

Muito bonito dizer que o jovem dentro de nós nunca pode morrer. Que mania essa que as pessoas têm de dizer que as pessoas precisam manter o espírito de uma criança, a cabeça de um adolescente, o corpo de um jovem? Acho isso tudo uma bobagem e explico porque.

Um senhor de 80 anos não precisa colocar piercing, nem ouvir rock “a todo pau”, nem usar bermuda de surfista. Aliás, favor ele nos faz se nunca fizer nada disso. Pode até ser preconceito meu. Acho que até por gostar mais de quem sou agora, do que de quem era quando mais jovem, fico barbarizada (e essa é a palavra), fico realmente barbarizada com atitudes de pessoas que já não tem mais idade para certas coisas.

Desculpem, isso não tem nada a ver com vocês. Mas eu precisava externar essa minha piedade a quem insiste em não crescer. Medo de que, as pessoas têm? De tornarem-se adultas? De precisarem assumir responsabilidades? De serem cobradas e de terem de responder por aquilo que fazem?

A Síndrome do Peter Pan pode nos açoitar numa manhã de quarta-feira, em que desligamos o despertador e pensamos:

- Hoje não faz mal chegar mais tarde. Não devo fazer tanta falta.

Mas ela não pode nos perseguir o resto da vida e andar colada na gente sem abrir espaço para as oportunidades. Sim, porque quem não cresce perde oportunidades. Nem que seja de ficar quieto.

Adultos sabem a hora de silenciar. A hora de trocar o vocabulário para falar com alguém que encontra-se em um cargo superior ao seu. A hora de brincar, de passar um trote. A hora de parar - principalmente, a hora de parar. E a hora de trabalhar mesmo. De pegar junto. De mostrar a que veio. De prestar serviço. De se interessar.

Não acho que as pessoas precisam manter-se jovens. Acho que o termo não é esse. Elas precisam manter-se ativas e aproveitar cada uma das fases de sua vida com o que elas oferecem de melhor. E viver isso para que depois as outras pessoas não tenham que ficar aguentando as frustrações de quem nunca deixou de ser uma criança inconsequente. O negócio é aproveitar a vida, mas sem deixar de ser responsável. É saber que cada atitude tomada é uma semente de algo que vai crescer e, se bem cuidado, dar frutos.

Tenho certeza que ainda vou topar com muitos Peter Pans na minha vida. Outros tantos devem me achar uma careta. Nunca disse que não era. Mas pelo menos nunca ninguém vai dizer que não vivi as fases da minha vida. Vivi e passei por elas. Passei. Porque a cada aniversário não comemoro só mais um ano de vida. Comemoro o que aprendi nesse ano e o que vou fazer com isso daqui pra frente.

E desculpem a agressividade, mas se eu não fizesse isso, hoje alguém ia ficar sem pescoço!



Por Manoela Soares (@manunsoares)

4 comentários:

  1. Bah Manu, que rico texto esse teu, me identifiquei muito. Concordo com cada frase.

    Me decepciono, me desanimo e me irrito com as pessoas cada vez que vou a Pelotas.

    Orgulho e admiração sinto por poucos. Tu por exemplo é um desses poucos.

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  2. HAHAHA medo de ti hoje! ainda bem (eu acho) que não sou essa pessoa hahaha
    vou dizer o que ja disse de novo, estas melhor a cada texto!
    beijo, saudade!

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  3. Compartilho em gênero, número e grau!
    Tenho muito orgulho de vivenciar este teu crescimento! Te amo!

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  4. MEDO DE TI! hahaha

    adorei o texto gordinha! a propósito, isso aqui tá cada dia melhor!

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