17 de agosto de 2011

Nossa vida para os outros

“Ah, que fácil seria enfrentar o mundo se eu só tivesse os problemas da Fulana para resolver, são tão mais fáceis que os meus”. Não sei se acontece com todo mundo, mas comigo é assim. O problema dos outros é sempre mais fácil de resolver. Não me entendam mal: não é menor que o meu problema; mas é mais fácil. A solução para o problema dos outros passa pela minha frente todos os dias. Seja ela ser mais feliz, relaxar, ser mais responsável, fazer terapia, academia, aula de piano ou simplesmente chorar. Enfrentar o problema dos outros é comigo mesma.

Canso de dar conselhos pras pessoas, de dizer como elas devem agir, por que não podem se deixar levar, o que fazer, como, quando, onde, porque. É quase um lead. (termo jornalístico que se refere ao primeiro parágrafo de um texto informativo que, pelo menos deveria, conter todas as informações presentes no corpo do texto respondendo as perguntas acima descritas)

Mesmo que o problema de alguém seja imenso, seja dolorido, seja bem maior do que todos que já tive, eu tenho a solução. Eu sempre acho que tenho a solução. Para os outros.

Ontem conversava com uma pessoa muito querida. Falei das minhas angústias, preocupações, dores de estômago, tudo que me afligia. Constatei o que esperava de mim: ela tinha a solução!

Para a minha vida não consigo ser essa pessoa bem resolvida que mete o bedelho na vida dos outros. Para as minhas coisas é sempre mais complicado eu me impor. Para as pessoas que convivem comigo sempre acho que não posso dizer não. Tenho que ser sempre disponível.

Por menor que seja meu problema, a solução me parece uma pedrinha caída no fundo de um buraco estreito onde meu braço não alcança. É isso. Eu nunca estou ao alcance do que pode acabar com as minhas angústias. E eu que me achava uma pessoa super decidida me deparo com uma úlcera por falta de comunicação. Que ironia para uma comunicadora, não?

A vida das pessoas está mais longe dos nossos olhos. É fácil enxergarmos a solução para seus problemas pelo simples fato de que eles não vão nos afetar. Palpitar na solução do problema alheio não mexe no nosso círculo de amizade, não faz nos tornarmos arrogantes, sequer expressa a nossa vontade. Outra pessoa terá que desempenhar o papel de dissolver o que lhe dói, nós, os conselheiros, apenas dizemos o que é preciso para isso. O problema é quando mexe com a gente. É quando pode afetar nossa imagem no trabalho, nosso relacionamento, nossa amizade, nossa família.

O que afeta os outros é problema deles. E, possivelmente, eu tenha a solução.



Por Manoela Soares (@manunsoares)

5 comentários:

  1. Eu tbm penso assim, inacreditável como eu sou a Senhora Solução. E cada vez que vou dar um conselho à alguém parece que eu sou a Senhora Experiência, sacas? UIAEHOUIE :)
    Gorda, eu tenho lido todos os teus textos, mas não tenho comentado. Cada vez que leio o que tu escreve, escrevo um pouco do meu discurso. Sabe o que é isso? Tu me desperta inspiração, tipo a M, Medeiros, sabe? Inspiração.
    Eu te amo demais. Tô louca por um abraço bem apertado.

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  2. Sim Manu, eu leio teu blog. E gosto. Gosto Muito. Mata a saudade daquela velha rotina ao teu lado que vivemos. E.. ah é sempre assim somos a dona da verdade dos outros.. "a verdade é que o fulano é assim... e tudo que ele precisa fazer é.." Mas quando é com a gente: "Meu Deus o que eu faço, e essa agora!" auahoau aiai beijo

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  3. adorei o texto
    estas no google mesmo
    NI

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  4. é que é da tua natureza ser assim, gordinha! teus conselhos são sempre os melhores, por mais que doam, não adianta.. agora só te falta um pouco mais de coragem (?) pra pedir pra ti essa mesma ajuda que tu tanto dá pros outros.. e sabe né? mesmo longe eu tô sempre aqui!

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