22 de agosto de 2011

Minhas jóias

Há uns dias atrás embestei que queria porque queria uma jóia. Eu ganhei muita coisa legal na minha formatura, o melhor de tudo foi a festa, com a presença dos meus amigos e familiares; mas uma coisa palpável, pra lembrar mesmo que ganhei de formatura, eu não tinha. E aí, um belo dia acordei, e achei que ‘precisava’ de uma jóia.

Com a proximidade do meu aniversário eu decidi: mesmo que tivesse que parcelar em 157 vezes eu ia me dar de presente algo memorável.

Acontece que o mês de agosto não tinha chegado nem na metade e meu dinheiro já tinha sumido da conta misteriosamente. Minha jóia ia ter que esperar. E, pelas minhas contas, no mínimo uns cinco anos. Quase desencanei. Na verdade, acho que tinha desencanado mesmo.

Na quinta-feira a noite, estávamos na casa da minha avó e ela se sentiu mal. Foi uma correria pra medir pressão, chamar minha prima que é enfermeira, cuidar da vó. É brabo ver que quem queria estar cuidando, por conseqüências da vida, de vez em quando precisa ser cuidado. E deve ser pior ainda para eles do que é pra nós vê-los em determinadas situações.

Sexta-feira minhas primas ficaram com a minha vó de manhã e de tarde. Assim que saí do trabalho fui pra lá. E vi minha vó como ela nunca está: fraquinha, frágil, falando baixo, deitada. E até ela falar com o médico fiquei deitada ao lado dela vendo qualquer novela que passasse. Foi um alívio (para nós as duas) quando ele ligou. Ela estava com um sintoma de virose. Não precisava fazer nada além de se hidratar. Nos sentimos bem melhor depois de saber disso.

Nesse mesmo dia, a tarde, fiquei sabendo que o pai de uma grande amiga minha tinha falecido. Foi tudo muito rápido, e nem participei desse, que deve ter sido um momento tão difícil para ela. Estudamos juntas em Porto Alegre, éramos as ‘mergulhonas’ do interior, eu de Pelotas, ela de Panambi. Depois de 2006 nós nunca mais nos vimos. Falamos pouquíssimo por telefone. E raramente estamos as duas no MSN. Como o que vivemos foi realmente muito forte, o que sentimos uma pela outra não mudou muito. Mas a verdade é que é uma vergonha não ver uma pessoa que se ama por cinco anos! É uma vergonha não ligar pra ouvir a voz dela de vez em quando. Prometi para mim mesma que não passo mais de uma mês sem ouvir a voz da Raquel e que esse ano vou ir visitá-la de qualquer jeito. É uma meta pra mim mesma!

No sábado fui jantar com meu pai. Nesse blog ainda não falei muito dele por sinal. Mas não por falta de vontade ou importância que ele tenha na minha vida. Muito pelo contrário. Talvez por causa dele é que eu tenha começado a escrever, por tudo o que eu não conseguia falar. Eu, o mano e o Felipe fomos jantar com ele, minha madrasta, a Lulu, e minha irmã Isadora (porque a Helena só quer rua agora). Comemos, bebemos, rimos, conversamos, conversamos e conversamos! Foi ótima a nossa janta! Meu aniversário quase sempre parece um “kerb”: comemoro com a família da mãe, com a família do pai, com as amigas, no trabalho, com o namorado. É festa que não termina mais. Foi uma noite incrível e na companhia de gente muito querida!

Acordei no domingo com minha mãe e meu irmão contando parabéns a você! (era dia 21, mas como a comemoração ia ser no domingo mesmo, tava tudo certo) E, então, ganhei meu presente: uma jóia. Ganhei uma jóia linda, um anel maravilhoso, que nunca mais vai sair do meu dedo!

Mas eu não escrevi todo esse texto pra falar sobre ele. (apesar de ser M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O) A tarde minhas melhores amigas passaram o dia ao meu lado, comendo, brincando, conversando, fofocando, rindo. Elas fizeram parte de várias fases da minha vida, acompanharam minha fase colégio, minha fase festa, minha fase faculdade e até minhas fases difíceis ao longo de tantos anos de amizade. Elas são os lápis de cor que pintaram a história que eu escolhi traçar. Cada linha cinza, do lápis, recebia pelo menos um sublinhado colorido feito por alguma delas. Ou um arco-íris bem grande quando estivemos todas juntas!

Bem que dizem que a gente tem que ter cuidado com o que deseja. Há um tempo atrás eu queria UMA jóia. Me sentia uma coitada porque não tinha. Era só isso, uma jóinha, mais nada. Que bobagem, né? Ganhei muitas jóias ao longo dessa semana sem me dar conta. Outras já tinha, mas foram lapidadas essa semana. Outras eu só enxerguei essa semana. E com os olhos abertos a partir de agora, tenho certeza que meus olhos vão descobrir muitas outras.

As minhas principais jóias eu nem pude escolher. Meu pai e minha mãe. Mas eles foram perfeitos. E fizeram tudo como podiam, e me amaram e me cuidaram cada um do seu jeito. Me deram vida, me deram saúde, me deram amor. Meus irmãos também não foram escolhidos, mas não poderiam ser melhores! Não teria espaço para mais amor do que isso. Meus primos, meus tios e tias, minhas avós, já vieram junto com o pacote família, para o qual eu estava destinada; e tenho certeza que foram muito bem escolhidos.

E claro, tem as jóias que escolhi a meu gosto! Que eu escolhi para completarem meu porta-jóias. São os meus amigos. Escolhidos por mim, pelos meus valores e vontades. Essas são as jóias mais raras: os amigos mesmo! Aqueles que a gente conta nos dedos para fazerem parte dos nossos dias.

Essas jóias me dão saúde, sorriso, amor, felicidade! Elas não são de pendurar no pescoço, no pulso ou no dedo. Elas são jóias de coração. Que não aparecem, mas estão ali. E eu tenho uma coisa pra dizer pra vocês: o que eu preciso é de outro porta-jóias; porque jóias, eu tenho as maiores!



Por Manoela Soares (@manunsoares)

2 comentários:

  1. Como sempre texto bonito
    só não falou dos cavaleiros que dizem NI

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  2. que coisa mais linda!!!

    e que tristeza não estar aí no teu aniversário :( apesar disso eu sei que também sou uma jóia tua (me achei! hahaha)

    te amo gordinha

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