13 de maio de 2012

Igual a mãe


Hoje eu ouvi de novo. “Tu é a cara da tua mãe”. Aos pouco fui costumando com a afirmativa e já faço coisas que enxergo a minha mãe fazendo. Ás vezes olho rápido no espelho e ... tchanam ... não é a mamãe, é você mesma. Que coisa, né? Quase preocupante. Mas não somos preocupadas. Aliás, ela não é, eu sou, MUITO. Temos também nosso equilíbrio e nossas diferenças como todos aqueles que se parecem.
Eu e minha mãe nos parecemos em várias e várias coisas. Começando pela aparência, ok. Além disso gostamos de ler, de tomar banho de sol, acordar cedo pra aproveitar bem o dia, ver um bom filme (e chorar sempre que possível), comer pipoca, fazer as unhas, andar sempre de óculos escuros, usar salto alto, responder a altura, e somos, as duas, totalmente loucas pelo mesmo homem: meu irmão!
Sou tão parecida com ela, mas tão parecida, que antes mesmo de nascer (bem petulante) já deixei avisado em sonho:
- Mãe, me deixa ser original!                   
E várias vezes em que ela me disse:
- Mas tu é muito parecida comigo.
Rebati dizendo:
- Não, eu sou parecida comigo.
Petulante e respondona - igual a mamãe.
Com a minha mãe aprendi a não levar desaforo pra casa e a nunca, em hipótese nenhuma, brigar na rua. Minha mãe me ensinou a não querer ser melhor que ninguém; a ser bem diferente e fazer diferença, já que isso era mais importante que ser melhor. Minha mãe me ensinou a trilhar um caminho pleno, a nunca desistir nas quedas, mas também a nunca me impor obstáculos: já basta o que precisamos passar na vida, não precisamos arranjar problemas e inventar mais preocupações. Minha mãe me ensinou a não passar por cima dos outros, a não desejar mal às pessoas, a respeitar, cumprimentar, desejar bom dia, abraçar bem forte, olhar no olho, falar com verdade, dizer eu te amo, dizer a verdade, dizer o que sinto. Minha mãe me ensinou a encarar a vida de frente, a não me justificar pelas coisas que não fiz, a não aceitar traumas, nem medos, nem dores intermináveis.
- Tudo tem início, meio e fim. Tudo. Quer chorar chora, tens todo o direito de sentir essa dor, mas saiba: ela não é a maior dor do mundo, e ela também vai passar. Não destina tanta importância a uma dor, porque ela sempre tem fim; e isso tudo é muito pouco perto de muitas dores que muitas pessoas estão passando nesse momento.
Dizendo isso minha mãe me ensinou a não ser egoísta. Hoje me comovo muito mais com a dor de quem tem por que chorar do que com as minhas manhas. Aliás, nem faço manha, nem faço birra, nem choro a toa, por bobagem .. por que um dia entendi o que minha mãe dizia:
- Chorar por pouco é pecado!
E assim o fiz! Engoli o choro, levantei a cabeça e segui meu caminho.
Minha mãe não me ensinou a rezar, nem a acreditar em Deus, nem a esperar que as coisas caíssem do céu. Ela sempre me liberou para que amasse e acreditasse em quem eu quisesse. Mas em algumas noites (e principalmente as de chuva) ela foi até meu quarto e me fez pensar que eu tenho uma casa e uma cama quentinha, uma mãe para me dar um beijo e apagar a luz, enquanto crianças exatamente iguais a mim dormiam na rua. Até hoje, quando faz frio e chove, agradeço o privilégio de, simplesmente, ter onde dormir. Aprendi assim, a valorizar as coisas pequenas e a agradecer, muito mais do que a pedir.
Minha mãe escreveu meu caminho junto comigo. Me incentivou a escrever, me ajudou com a faculdade, esteve perto quando era preciso, esteve longe quando precisou estar. Ficamos todos bem com as idas e vindas dessa vida que já nos apresentou muitas surpresas.

Nesse dia das mães, minha mãe, quero que saibas que sou sim parecida contigo, em muitas e muitas coisas. Queria ser parecida em outras tantas que não consigo ser, mas isso também faz parte. Seguimos aprendendo juntas, não é? Isso é apenas o começo.

Sou a cara da minha mãe, tenho o gênio da minha mãe, me visto e penso como a minha mãe! Que bom! Melhor ainda se mais metade do mundo fosse igual a ela.

Te amo, obrigada por tudo, feliz dia das mães!

Um comentário:

  1. Minha amada filha, não tenho palavras para descrever tudo que passamos e sentimos juntas e, muitas vezes, separadas. Só tenho algumas certezas: tudo vale a pena e a busca pela felicidade é a maior obrigação de todos nós!
    Te amo muito e sempre!

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