14 de maio de 2012

Sobre o arrependimento


Fiz uma coisa da qual não me orgulho. Pensei sobre ela todos os dias desde que a fiz. Mas é isto, está feito. Só pude pensar no impossível: o que poderia ter sido diferente.
Queria poder voltar atrás e não posso. Queria ter sido mais forte e não fui. Queria ter sido indiferente e me importei. Queria não sentir e sinto. Queria não olhar para trás e olho. Queria não me importar e me importo. Queria ter ouvido e não ouvi. Queria que existisse uma explicação e não existe. Queria ter sido levada em consideração e não fui. Queria que a história tivesse outro final e não teve. Queria que a história tivesse tido um final.
Só termina o que um dia foi iniciado. Uma história sem começo é também uma história sem conteúdo e sem um fim. Precisei aprender isso na marra há pouco.
Então queria poder dizer que não tenho arrependimentos. Queria poder dizer que tudo valeu a pena.  Porque queria, realmente, que tivesse valido a pena; mas não valeu. Amadureci, aprendi com ela, mas essa foi a história mais sem graça da qual já participei e sinceramente, me arrependo de tudo, desde o início. Queria poder ser forte o suficiente para não me arrepender, mas a verdade é que não vou mentir pra mim: me arrependo. Desde sempre.
Não estou me lamentando. A vida também é feita de arrependimentos. De coisas que não fizemos. De histórias que não vivemos. De oportunidades que perdemos. Em nossos caminhos existem pessoas com quem nunca cruzamos, palavras que calamos para sempre, cartas que ficam engavetadas, discursos que não são feitos, músicas que não são gravadas. Cruzam na vida, possibilidades de fazermos (ou de não fazermos) coisas das quais podemos nos arrepender. Não para que o remorso nos corroa por dentro, nada disso. Para que os erros não se repitam, e só. Que assim seja daqui pra frente.

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