2 de junho de 2011

Sobre o que eu ainda não sei

Ontem me peguei dentro de uma cena que acabou mexendo comigo de verdade. Um professor de academia, todo fortão, profissional de todo o tipo de luta, rei do muay thai, despediu-se de seu aluno – um menino de 5 ou 6 anos – com um beijo e um abraço bem apertado. Ele tinha pedido que o menino fosse até a frente da academia, ver se já tinha alguém esperando ele. Tinha. Ele voltou para dizer ao professor:

- Já estão aí! – então ele levantou os braços, encaixou o pescoço do professor no seu abraço, fechou os olhos e ficou ali. Não sei por quanto tempo. Eu confesso que também me perdi naquele abraço.

Eu me dei conta que se um dia passasse na rua por um homem como esse professor, pensaria que é um troglodita. Que ensina às crianças sobre luta, briga, soco, chute.

Ignorância minha.

Cometemos um milhão de ignorâncias por dia sem nos darmos conta. A cena que eu vi ontem me abriu os olhos para um mundo inteiro de estereótipos criados pelas pessoas, pela mídia, por uma sociedade inculta e sem noção.

Me dei conta de quantas vezes achei que alguém não tinha capacidade de fazer alguma coisa porque era bonito demais. Quantas vezes não me aproximei de pessoas por não gostar da forma como elas agiam. Quantas vezes desprezei alguém por um ato distinto, fora de contexto.

Quantos corações deixei de conhecer por ignorância? Quantos bons amigos não tenho porque não permiti aproximação?

Ainda não sei bem porque, mas aquele abraço mexeu muito comigo. Talvez eu reflita mais, volte a falar no assunto. Na verdade essa cena faz parte das coisas que eu ainda não entendo. Eu sinto algo, mas não sei falar sobre o que é. Nem importa saber; mas são coisas que mexem comigo, que me fazem parar e pensar mesmo no que vale a pena. Acho que no final das contas percebo que o importante não é a vida que se leva ou a que se quer levar. Não é perfil que se tem ou aquele que se quer ter. Não é estar dentro de padrões de comportamento ou de beleza. O importante é abraçar e permitir-se ser abraçado.




Por Manoela Soares (@manunsoares)

7 comentários:

  1. Muito bom esse!
    gostei bastante
    beijão

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  2. Coisas mexem com a gente pela vida inteira. E que bom que mexem! Sinal que não estamos prontos nunca...

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  3. Isso Manu, não sabe que pessoas bonitas não podem trabalhar? É por isso que eu, tu e Yéssicas somos trabalhadoras natas.hehe Mas sério: a vida apresenta cada situação que deixa-nos de boca aberta. Nos fechamos em nossos próprios pensamentos, pensamentos que conveem e esquecemos que a vida é muito mais que tudo isso. Cada vez que passo por isso, acredito que não é por acaso. Parece ser Deus me dando mais uma lição. :)

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  4. Muito bom o post Manu! E eu nem sabia que tu tinhas um blog! Estou te seguindo a partir deste momento.

    sigue así, sigue con el buen trabajo ;)

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  5. que coisa bonita isso! entendo bem quando tu fala desses momentos, de sentir uma coisa tão forte a ponto de mudar nossa vida mas mesmo assim não saber explicar o que se está sentindo!

    pois bem, eu acho que tu consegue explicar muito bem, pelo menos é o que podemos tirar do teu texto: simplesmente a forma mais pura e bonita de tudo que tu sente e da tua percepção das coisas que estão a tua volta e que acontecem a tua volta! e talvez por isso seja tão maravilhoso ler esse blog..

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